segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Diário de Viagem: Parte II...

Estou atrasada com as postagens, Oh, my! Portanto decidi aparecer aqui para fazer o post da segunda parte da nossa viagem no final do ano. Então antes tarde do que nunca... vamos lá:

Antes de chegarmos á cidadezinha de Santa Rosa da Serra, nós passamos por infinitas plantações de café e aquele cenário lindo de Céu azul com estradas vazias que pareciam não ter fim. Campos Altos que eu vi só de longe da estrada, era uma das cidade que eu gostaria muito de ter ido conhecer, vi árvores em picos de montanhas que dariam ótimas sessões fotográficas. Sim, eu vejo fotografia em tudo!

Campo Alegre - 3º dia

E então nós chegamos ao município de Campo Alegre. Foi só de passagem. Vamos nos atentar ao fato impressionante que nessa pequena vila existem aproximadamente 800 habitantes, não tem Polícia e nem Prefeito! Foi como uma viagem ao tempo. Que incrível isso! Nós paramos lá, porque minha mãe viveu ali quando pequena. Paramos em frente á um comércio na esquina e ficamos ali por um tempinho. Haviam 3 senhores em baixo de uma árvore conversando, daqueles que passam o dia lá, na sombra, no maior sossego, conversando olho-no-olho, contando "causos"... senti que a modernidade e a tecnologia ainda não "dominaram" o lugar 


Duas curiosidades aconteceram nos minutos que ficamos ali...

1- Minha mãe pediu um copo d'água para o dono desse comércio. Um senhor de cabelos brancos, sotaque mineiro bem carregado, aparentava uns 70 anos, entrou devagarzinho na sua casa, que fica nos fundo da loja, e voltou com uma garrafa de água e... outra de café e nos disse:

"Ás vezes, quando viajamos dá uma vontade de tomar um "cafézin", né?!" - Ah, esse gesto foi de uma gentileza encantadora!

2- Quando voltei para fora, meu marido conversava com um rapaz. O rapaz passou, viu a placa do nosso carro e veio conversar. O fato curioso é que ele disse o nome do tio dele que mora em Itatiba e para nossa surpresa...é meu tio também! Meu pai se lembra dos pais do rapaz. Encontrei um parente que eu nem conhecia! Isso me fez pensar na quantidade de primos e tias que talvez eu nunca vá conhecer espalhados por aí.

Repito...que incrível isso!

Infelizmente não tem foto desses dois personagens que encontramos ali, o que me deixa um pouco triste agora, pois teria sido legal registrar, mas ao mesmo tempo eu estava lá, vivendo aquele momento, com a cabeça totalmente ali e tudo já ficou gravado na minha memória 

Santa Rosa da Serra - 3º dia

Chegando em Santa Rosa eu tive várias lembranças da última vez que estive lá ainda criança. A cidade tem aproximadamente 3200 habitantes e é totalmente rural, eles vivem do campo em todos os sentidos, por exemplo, o leite consumido não é esse de caixinha do mercado que estamos acostumados, um leiteiro vai direto do Sítio distribuir os leites nas casas em galões. E o café da cidade é considerado um dos melhores do País, e também exporta para outros países.

Mas mesmo com toda essa "pompa", a cidade exala simplicidade. Não há shopping ou grandes lojas, as lombadas não são sinalizadas, as ruas são esburacadas e também não há semáforos! Você pode deixar as portas abertas durante o dia que ninguém irá invadir a sua casa. Aliás, a primeira coisa que meus filhos perceberam (e adoraram) foi o fato de poderem atravessar a rua sem preocupação. Foi o passatempo preferido do Thomas assim que chegamos, ele corria para o outro lado da rua, dava risada e ficava nos olhando e pensando: "Sério mesmo que aqui eu posso fazer isso sem ninguém brigar comigo?" E logo depois os meninos estavam brincando junto com os meninos da rua e perseguindo as galinhas do quintal da minha tia. Foram emocionantes novas experiências!



Porém a chuva chegou na cidade e nós ficamos lá por 2 dias. Sem nada para fazer, tivemos que recorrer aos joguinhos de celular para entreter os meninos um pouquinho e mesmo assim era difícil porque muitas vezes não tinha sinal nenhum nos nossos celulares. Ficamos sem acesso á tecnologia um pouquinho e quer saber? Foi muito bom!

Á noite tentei manter a rotina que temos em casa, tomávamos banho e já íamos todos para o quarto dormir. Eles dormiam rapidinho e a noite toda. Foi tão tranquilizante para nós o fato deles terem dormido bem.

Sobre a culinária...

A culinária mineira é simples, porém tem fartura e muitos alimentos vem do próprio quintal, livres de agrotóxicos. Eu cresci com a minha mãe cozinhando arroz, feijão, carne e um legume ou verdura. Sempre tinha! E em Minas a tradição permanece. As mulheres se juntaram na cozinha e cada uma fez um prato. O meu preferido foi a polenta com caldo de frango caipira da minha tia. Quentinha e muito saborosa, se derretia sob o caldo do feijão. Dá vontade só de lembrar!

E sim, é isso mesmo que você está pensando, a minha tia foi lá no quintal, escolheu uma galinha e a preparou num jantar para nós. Meus filhos não perceberam que o frango tinha vindo de lá, a galinha que minutos antes eles estavam brincando. Foi melhor assim e não fizemos alarde e nem um tipo de comentário sobre isso também. Foi tranquilo e sem traumas para eles! Pois éramos visitas e esse é um hábito extremamente comum lá e tudo foi preparado com muito carinho para nós.



Olha a polenta delícia...

E todo dia bem cedinho, tinha pão de queijo caseiro e quentinho esperando a gente na mesa do café da manhã!

A Igreja que meus pais se casaram... 

Estava pra cair o maior temporal, céu escuro de dar medo e minha mãe disse assim: " Vamos visitar a igreja que seu pai e eu nos casamos? Não pensei duas vezes!
Chegando lá, a igreja estava fechada. Uns senhores sentados na pracinha disseram que o padre atual morava ali ao lado. E aí, minha mãe, sem hesitar, foi lá chamar o padre e pediu com todo jeitinho se poderia nos mostrar a igreja. O padre, muito jovem, foi educado e solícito e abriu a igreja para nós.
Meus pais não tiveram cerimônia de casamento como conhecemos, com flores e vestido de noiva. Eles foram á missa, levaram duas testemunhas e assinaram um documento após a celebração. E foi assim que eles se casaram e estão juntos até hoje, 48 anos depois 

Olha aí o momento que minha mãe foi na casa do Padre...rs


Para finalizar...

...o local onde meus pais viveram.

Meu pai quis nos levar ao local onde eles moravam quando ainda eram namoradinhos. Meu pai tinha 18 anos e andava por uma estrada de terra, por quilômetros, precária e sem iluminação, só pra ir até a casa da minha mãe que tinha 16. Hoje é só um vasto campo, mas foi uma visita muito emotiva para o meu pai, pude ver seus olhos lacrimejarem enquanto nos contava os "causos" ali vividos. 

As histórias de "fantasmas" e o "sobrenatural" são muito fortes em Minas Gerais, faz parte da cultura deles. Quem viveu no campo, há muito tempo atrás, conhece histórias que são passadas de geração para geração. Meu pai e meu tio nos disseram que viram muitas coisas estranhas e quase inexplicáveis quando passavam durante a noite por ali, no meio da plantação, sem iluminação, só com uma lamparina. Era de fato assustador! É um tanto emocionante ouvir as experiências pelos quais meus pais passaram e estar ali imaginando tudo em tempo real, ah...foi demais :)



E sabem o que eu descobri? Que a minha Vó, mãe do meu pai, era uma "crafteira", porque quando meus pais se casaram, ela fez um colchão para eles com materiais colhidos no campo e ainda costurou sozinha! Portanto, a minha inspiração criativa vem de gerações gente 

Demorou, ufa...está longo, mas obrigada se você chegou até aqui

Bjs

2 comentários:

  1. Me emocionei com sua postagem sou de Goias e tudo que descreveu me é familiar. Aqui TB temos essa cultura do sobrenatural rs, um abraço o/

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  2. Ohhhhh... que lindo. Obrigada por partilhar todo esse amor.
    Beijinhos

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