Um dia encontrei uma amiga de infância, que não via há algum tempo. Passados minutos de conversa, ela me disse assim: "Nossa Elza, como você consegue ficar em casa todos os dias? Eu morreria!"
Passados uns segundos para me "recompor", acredite ou não, eu não fiquei brava com ela e sei exatamente o porquê. Veja bem, esta é uma amiga de infância, nós crescemos juntas, conheço a personalidade dela, sei que ela é uma pessoa falante, extrovertida, gosta de estar entre pessoas, conversar e ela não gosta nenhum pouco de tarefas de casa. "Ficar em casa", para ela a levaria a depressão! Pois bem, como eu a entendo, eu não á julgo. Mas certamente, ela não me entende da mesma maneira. Nem todo mundo consegue enxergar as coisas claramente assim. Eu nem crio essas expectativas.
Quem escolhe ser mãe em tempo integral, encontra muitos preconceitos. De tempos em tempos aparece alguém, amigo ou não, parente ou não, te julgando, julgando as suas escolhas, não tem escapatória. Uns sentem pena, relacionam a nossa condição de coitada, por não ganharmos o nosso próprio dinheiro. Outros, mais entusiasmados, pensam que nos tornamos madames. Porém, muitas de nós, não estamos em nenhuma dessas categorias.
Ás vezes me incomoda o fato das pessoas acharem que mães que ficam em casa, não fazem nada o dia inteiro, ah, se isso fosse verdade! Nós fazemos sim e ás vezes fazemos demais. O nosso trabalho também está sendo feito. E convenhamos, que somos nós que ficamos com os trabalhos mais chatos, o de lavar cuecas e o vaso do banheiro, por exemplo, rs. Sou eu quem levo e busco os meninos na escola, na natação, sou eu quem estou deixando branquinho aquele uniforme escolar que chega todos os dias "marrom", porque não, ele não aparece magicamente branquinho (e passado!) de novo na gaveta. O meu trabalho é garantir o conforto de uma comida caseira, gostosa e quentinha quando todo mundo chega. Sou eu quem passeia com o cachorro, sou eu quem corre até o mercado comprar o que faltou, sou eu quem me sento com os meus filhos para fazer lição de casa (ok, nessa o Pai também ajuda, rs), sou eu quem fico na fila do banco para pagar aquela conta que atrasou, sou eu quem os leva ao médico, sou eu quem responde dúvidas importantíssimas que surgem no meio do dia, por exemplo, "Mãe, como soletra moderação?", sou eu quem aparto as brigas, consolo, enxugo lágrimas, sou eu quem faz a pipoca para acompanhar o filme, enfim, sou eu quem estou sempre aqui.
Também cumpro horários e os levo á sério, tem a hora de começar a fazer o almoço, de colocar no banho, de sair de casa, de dormir, de dar sermão... me sinto quase um general.
Mas, por outro lado, me dou o "direito" de numa tarde chuvosa, fazer um bolo e deitar no sofá para ver aquele filme que eu queria assistir á muito tempo. Posso fazer um artesanato, posso passar horas sozinha no computador vendo as redes sociais, notícias, séries favoritas, sem ser interrompida. Posso ter um momento só meu, ir fazer as unhas, encontrar uma amiga, comprar uma roupa. Por que não? Eu estou no controle do roteiro dos meus dias!
Sendo assim, para mim, Elza... ficar fechada por 8 horas ou mais, no mesmo lugar, todos os dias da semana, imaginando tudo o que eu poderia estar fazendo lá fora, aí sim... eu que morreria!
Daí vem a importância de respeitar as escolhas dos outros, pois nem sempre o que funciona para a vida de uns, funcionaria na vida de outros. Somos todos diferentes, em muitos sentidos. Está aí o fascínio. E cada um deve buscar a sua própria felicidade. Eu não me imaginaria trabalhando entre quatro paredes hoje, na verdade eu seria bem infeliz, eu acho. Há não ser que fosse preciso, que algo mudasse bruscamente na minha vida, aí o cenário seria outro.
Mesmo com sacrifícios, na maioria financeiros, desafios, julgamentos... a minha escolha é inabalável, pois assim é tudo aquilo que a gente faz com certeza. Eu tenho certeza da minha escolha. Foi por ela que não perdi nenhum momento se quer da infância dos meus filhos até agora. Eu estive lá em todos os momentos e isso, salário nenhum no final do mês pagaria.
Compreendo que nem todas as mulheres podem fazer isso, estar do lado de cá, assim como muitas mulheres escolhem o trabalho porque não se sentem bem estando em casa. Não se deve ter julgamento de nenhum dos lados. Acho que tem espaço para todos nesse mundo, o papel de mãe pode ser bem desempenhado em diferentes situações e todos os trabalhos, sejam eles em casa ou fora de casa, tem o seu valor
♥
Essa é a vida que funciona pra mim! Eu Elza, faço dar certo, me livro de vaidades e de opiniões alheias. Não se trata de submissão ou Síndrome de Amélia, nada disso, somos uma equipe aqui em casa, cada um faz a sua parte, ninguém constrói nada sozinho. Também me estresso, grito, me sinto cansada e perco o controle muitas vezes. Mas nem assim, penso em fazer diferente. Se vai ser assim para sempre, ainda não sei, mas nesse momento da minha vida, sou agradecida por ter condições de fazer aquilo que sempre quis fazer e fazer agora. Sou mãe com muito prazer, não só mãe, mas isso é a maior parte de mim nesse momento!!!
Um Feliz Dia das Mães para todas nós!!!
Bjs