É o maior clichê de todos, mas é a mais pura verdade: filhos não vem com manual! Digo isso, porque na maternidade a gente aprende, aprende e aprende todos os dias, cada situação te leva á uma nova janela, á uma nova conclusão, á um novo aprendizado e você se dá conta que não sabe de tudo mesmo. Um dia, em uma aula de Psicologia na faculdade, no meu curto tempo de Pedagogia (eu tranquei a faculdade), a professora disse assim:
"É claro que uma mãe não é a mesma para os filhos, pois cada um chegou em uma determinada época de sua vida. Cada filho nasce em um momento diferente da nossa vida".
Achei aquilo tão significativo, tão verdadeiro, que eu nunca mais esqueci. Em alguns sentidos, a mãe que eu fui para o Arthur, não é a mesma que estou sendo para o Thomas e vice-versa, porque muita coisa já aconteceu nesse processo.
Esse ano foi um ano difícil para o meu filho Arthur na escola, em termos de convívio social, tivemos uma fase nova e um tanto desgastante. Nada fora do normal na vida de um menino de 7 anos no 2° ano do ensino fundamental. Mas ao mesmo tempo que não é "nada" para nós pais, para os pequenos é um tormento, uma tempestade que parece que não vai ter fim, como uma novela mexicana acontecendo na nossa casa todos os dias.
São situações que todos nós já passamos na escola um dia, as rodinhas de amigos, o ciúme do amigo preferido, o dividir (ou não dividir) do lanche, enfim, situações que fazem parte do crescimento social de qualquer pessoa.
Mas meu filho Arthur é pura emoção, não peça razão á ele! Isso afetou suas notas, seu temperamento, agressividade, a relação com o irmãozinho, enfim, afetou tudo á sua volta. Tamanho envolvimento emocional nos fez procurar ajuda profissional e agora ele está indo á uma psicóloga. A sua maior dificuldade no momento é não saber se expressar, verbalizar aquilo que o incomoda e então ele chora, tem reações explosivas, se fecha, se isola... deixa de ser ele mesmo por um tempinho, mas depois volta a sorrir, a falar alto e fazer palhaçadas!
Se não bastasse a pressão natural do "crescer", nessa escola que ele estuda atualmente, os alunos são avaliados toda semana por uma prova, para acompanhar o seu desempenho. Pra mim, que estudei em escola pública a minha vida toda, custa um pouquinho a entender porque hoje se exige tanto e tão cedo. Mas temos que acompanhar as mudanças, certo? A escola é ótima, tanto pelos professores, pela estrutura e coordenação, todos muito atenciosos. Arthur está se desenvolvendo e muito lá. Entendo que ele tem que passar por novos desafios para o seu crescimento. Mas eu sou do tipo que me preocupo mais com o bom estado emocional do meu filho, do que com um boletim exemplar, sabe? Já o meu marido é mais focado nas notas, pois ele veio de uma infância em escola particular. Ele está sempre acompanhando o seu desempenho, participa das reuniões da escola, faz lição de casa com ele, é um pai muito presente. Eu alimento o coração e ele o intelecto e assim vamos funcionando como uma balança ♥
Uma situação em particular nos aborreceu um pouco. Há muito tempo Arthur se queixa de um coleguinha específico, diz que este criou um clube do qual somente o meu filho, dos 7 meninos da classe, não podia participar, pegou o lanche de outras crianças as deixando com fome, chamou o lanche do meu filho de "podre" no dia que eu mandei uva na lancheira, enfim...
De novo, são situações que eu sei que toda criança talvez enfrente, umas mais outras menos, não tenho como controlar as atitudes das outras crianças, mas tento orientar o meu filho em situações assim. Na vida, ele vai cruzar com todo tipo de pessoa.
Apesar de ficar chateada pelo meu filho, procuro sempre entender que são situações que talvez ele precise passar e o oriento sempre a tentar lidar com a situação da melhor forma possível. Mas por mais que a gente os oriente, durante o ato, no calor do momento, eles vão acabar tendo uma reação diferente, pois são pequenos e imaturos ainda. Arthur reage de outra forma, totalmente diferente do que eu o oriento e isso complica tudo!
Arthur já foi chamado de "mimado" por uma mãe lá da escola, que me disse isso sorrindo, em tom de brincadeira, e eu mesmo sentindo o "tapa na cara", engoli, sorri, como uma lady e segui em frente. Nessas questões eu sofro um pouquinho, mas me sinto muito fortalecida ao mesmo tempo, pois sei que essa não é a verdade. É preciso ter muita segurança em si nessas horas e saber onde direcionar a nossa energia.
Bem, mas o post é para falar que o fato de levar meu filho na psicóloga é aceitar que ele tem falhas, mas que essas falhas podem ser corrigidas. A terapia ajuda e muito nos problemas emocionais e comportamentais de uma criança. Como mãe, farei tudo ao meu alcance sempre! O Arthur é um menino bom, de bom coração, emotivo e isso é o que importa acima de tudo ♥
Semana passada Arthur chegou da escola dizendo que na escola tem um coleguinha que levou uma squeeze e estava cobrando para dividir sua água com os amigos, um deles chegou a pagar com uma moedinha de 0,25 centavos. Perguntei para o Arthur o que ele achava disso e ele teve a reação mais inocente e engraçada que ele poderia ter:
"Mãe, eu vou chamar ele de Seu Sirigueijo! Porque eu acho que os dois pensam muito em dinheiro!"
Provando duas coisas aqui: que apesar dos pesares, meu filho tem sim senso de humor e que o Bob Esponja tem grandes ensinamentos ♥
E assim a vida segue, errando, acertando e acreditando que tudo pode melhorar... sempre!
Desculpe o looongo desabafo,
Bjs